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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LUCIANO GUALBERTO

 

(Petrópolis, 14 de janeiro de 1883 — 21 de setembro de 1959) foi um médico e professor universitário brasileiro, reitor da Universidade de São Paulo de 1950 a 1951. Gualberto teve a catédra de clínica urológica da Faculdade de Medicina da USP.[1]

Nos anos vinte Gualberto foi vereador, deputado estadual, vice-prefeito e prefeito interino da capital paulista, deputado estadual e secretário de saúde. Depois de ser reitor da USP, foi presidente da companhia aérea Viação Aérea São Paulo (VASP), posição para a qual foi indicado por Adhemar de Barros.[2]

Bibliografia

CAMPOS, Ernesto De Souza História da Universidade de São Paulo 226-228

LOURENÇO, Maria Cecília França Homenagem aos mestres: esculturas na USP Pág 25, 28, 103, 140-141

MOTOYAMA, Shozo USP 70 Anos: Imagens de Uma História Vivida

OBA, Rosana Universidade de São Paulo: seus reitores e seus símbolos; um pouco da história 68-69

Wikipedia 

 

HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

 

 

BECKMAN (1648)

 

Temperado no ardor de combates cruentos,
De guerras, cada vez mais árduas e mais duras,
A metrópole só lhe dando desalentos,
O colono vivi em constantes agruras.

Teve, por muita feita, em transes delicados,
Que agir, por conta própria e, enfim, com podia...
O povo era um pugilo heroico de soldados
E chefe, qualquer um que a esmo se escolha.

Não houve uma incursão, uma só ameaça
De conquista ou agressão contra a soberania
Do domínio que não tivesse o povo, em massa,
Em revida, tenaz, com toda a galhardia.

Depois de defender o litoral, entrando,
Terra virgem, transpôs a linha Tordesilhas...
O domínio ampliou três vezes, desprezando
Os tratado, ganhando os montes e as coxilhas.

Sabendo se guiar e vencer, qualidade
Que aumentava, de fato, a cada embate novo,
Essa gente criou uma mentalidade:
Dentro de uma Pátria a ideia de ser povo.

Foi quando Portugal, pelo esforço tremendo
Que fizera, criando a epopeia nos mares,
Extrênuo se sentia e empobrecido, tendo
Que os domínios manter, apesar dos pesares.

Nesse tempo, o Brasil era o empório, o celeiro
Do povo português e, a Brasília opulência
Foi base, sem igual, a fonte por inteiro,
Que do Império manteve a abalada existência.

 

E, na necessidade extrema, dia a dia,
Sobre a colônia imponde maiores gravames,
Foi dela retirando aquilo que podia,
Sujeitando-a, voraz, sãos mais rudes vexames.

Começaram, depois da expulsão dos franceses,
Na antiga São Luiz do Maranhão, as lutas.
Surdas agitações contra os mandões soezes,
Que só viam no fato expansões diminutas.

E Lisboa chegou a ponto exagerado
De entrega a uma empresa o monopólio odioso
Do comércio total, na colônia, de um lado,
E d´outro, a penetração do sertão ubertoso.

Contra essa prepotência ergueu-se enorme grita,
Levantou-se um clamor, crescente, dia a dia...
Pertencendo da empresa à forte comandita,
O então governador, prepotente, surgia.

Se do índio a escravidão tinha sido abolida,
A essa empresa, no entanto, o direito era dado
Dos índios, os casas retomar, sem medida,
Quando ela assinalasse o momento chegado.

***

 

Nesse instante surgiu, Manoel Beckman, vulto
Que o protomártir foi da nossa liberdade;
Merecendo da Pátria o mais sagrado culto.
No altar do nosso amor, na vida da saudade.

Bequimão, mais alguns outros chefes que, embora,
Não tendo o seu valor, eram fortes e bravos,
Resolveram marcar, na história a grande hora
Em que iriam quebrar as algemas de escravos.

Os carmelitas mesmo e os próprios franciscanos,
Das praças na tribuna, e no púlpito austero,
Pregavam a revolta, achando desumanos
Os senhores da corte e o cativeiro fero.

No dia vinte e três do mês de fevereiro,
No Convento de Santo Antônio, numa festa,
Foi que Beckman surgiu, corajoso e altaneiro,
Por entre aquela gente escravizada e honesta.

Manoel Serrão de Castro, a sua espada nua,
Convenceu, de improviso, os interlocutores,
Do grande Bequimão, gritando: “quem recua,
Pagar-nos-á com a vida a traição, senhores!”

 

                      ***

 

Foi Beckman vencedor, um momento; de resto,
Mais forte, dominou Lisboa, de seguida...
Para a história passou, indelével, seu gesto:
O espectro de uma forca e um sonhador sem vida.

 

 

GUERRA DOS MASCATES

 

Perbanbuco, ao volver os olhos ao passado,
Em tudo que fizeste, embevecido, cismo...
Foste a nossa altivez, nosso brio exaltado,
Da nossa grande Pátria a origem do civismo.

Tu sonhaste lutar com a fronte sempre erguida;
Teus gestos foram sempre a própria lealdade;
Do teu seio irrompeu, com desprezo da vida,
O primeiro rugido em prol da liberdade.

Adestrado na luta o teu braço forte,
Teu espírito são adestrado na guerra,
Foste o exemplo do ardor nas batalhas do Norte,
Quando o estrangeiro pé calcava nossa terra,

Só de bravos e bons fundaste uma nobreza,
De que Olinda se fez o núcleo impenitente;
Tua gente falava à gente portuguesa,
As verdades dizendo, heroica, frente à frente.

Em lugar de pedir, muita vez exigiste...
Era uma recompensa, uma conquista honesta;
Ao que dá, como deste, o direito lhe assiste
Da reciprocidade inteira e manifesta.

***

Contra Olinda, Recife ergue-se um belo dia;
Terra de vendilhões, heterogênea gente,
Cujo grande ideal na moeda residia,
Escória que nos dava o velho continente.

Era a verdade contra os rígidos costumes;
Eram o x da vida, o vácuo dos valores,
Erguendo-se e lutando, inócuos vagalumes,

Contra estrelas, de fato, irradiando esplendores.

A contenda travou-se e pela vez primeiro
Escutou-se sua voz, com gritos de veemência,
Clamando liberdade, em terra brasileira,
Pregando com fervor a nossa independência.

Foi Vieira de Mello o apóstolo fremente,
Verdadeiro clarim anunciando a refrega.
Era o sonho maior do novo continente,
Que um punhado de heróis em cruzada congrega.

E o nosso pavilhão, em nuvens de fumaça,
Ao longe, a aparecer começou no horizonte;
Era o pátrio ideal que, apenas começava,
Dentro das opressões, a levantar a fronte.

Era só prenúncio, era a primeira vaga,
Que outras vagas achando, em caminho, progride
E que o solo carcome, empecilhos esmaga
E as areias revolve e os rochedos agride.

 

Em Minas, de improviso, explode; mas, refeito
Dessa grande explosão, entre os inconfidentes,
Foi só a criação de um mártir, de um eleito,
A transfiguração de um herói — Tiradentes.

Não para e, em convulsões, agita-se de novo,
A Pernambuco volve, isso, em mil e oitocentos
A dezessete, é ira, é a vontade de um povo
Em cólera calcada, em uivos agourentos.

E ali, mais uma vez, a justiça do forte
Quis a boca cerrar dos sonhadores bravos,
Julgando que o tormento e as convulsões da morte
Poderiam manter, curvados, os escravos.

 

No algarismo da vida os homens são, apenas,
Acidentes servindo a ideias. Que destrua
O carrasco uma vida, entre dores e penas...
Mata-se o sonhador e, o sonho, continua.

***

 

Pensando que vencia, Olinda foi vencida;
Como sempre, pesou a moeda na balança
A nobreza e o direito apagam-se na vida
Diante d´ouro, tal qual um sonho de criança.

 

De perfídia em perfídia, a metrópole astuta,
Foi sempre prometendo e à palavra fugia.
Não podia aceitar os lances de uma luta
Que logo, de antemão, perdida parecia.

***

Foi assim que nasceu, no século dezessete,
No Brasil sofredor, entre rudes embates,
A alma da nação e Olinda é que interpreta
Esse grande ideal na Guerra dos Mascates.

 

      (POEMAS -      São Paulo, 1944)


 

 

 
 
 
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